Quais seriam as boas palavras a serem escritas? As verdadeiras ou as exageradas? As impulsivas ou as mensuradas? As calorosas ou as encaixadas?
Nunca me competiu julgar o que escrevo. O que é escrito se mantém em seu lugar, com sua forma intocável. Se um dia houveram motivos para tais palavras estarem ali, por mais equivocadas que estejam em relação ao pensamento atual do autor, estes mesmos motivos não devem ser esquecidos jamais.
A grandeza do homem é posta à prova quando o mesmo se depara com seu passado. Sua caminhada intelectual e moral se dão pela revisão de reflexões e conceitos antigos, que devem ser usados como referência para o aprimoramento pessoal.
Não é de se estranhar que os dias de hoje não se encaixam com antigas conclusões.
O hoje vira ontem, e o amanhã se torna o hoje. A ciência da ação transformadora do tempo faz do ser humano uma constante recriação em torno de si próprio. A ansiedade manifesta-se de forma mais sutil, a carência tende à se esvaecer e se tornar rotineira, o desejo de companhia se alimenta e é suprido pela esperança que o passar dos dias trazem.
No processamento das informações, nosso pensamento prefere trabalhar à curto prazo. Prefere soluções imediatas, cobra do indivíduo sua capacidade de adiantar momentos que só poderão ser concretizados em um intervalo de tempo indeterminado. Não satisfeito, calcula o futuro constantemente usando o passado como variável, e nesse processo, inibe as vontades de mudar o presente e reescrever o porvir.
É necessário que entendam que não é errado se preocupar com seu futuro e passado. Não é inútil a retrospectiva, tampouco a hipótese. Não seríamos animais racionais se ignorássemos nossos anseios e remorsos, mesmo que o que se apresenta seja ideal. Precisamos da incerteza e da subjetividade para não morrermos de tédio. Precisamos de respostas para não ficarmos nas trevas da ignorância.
Com o entendimento e aceitação do curso do tempo me vi mais tranquilo. Apesar de sofrer ataques repentinos de ansiedade e carência, meu eu maior se impôs e colocou panos quentes nessa suposta necessidade de ter alguém para amar. Por mais que um nome sempre me tire o sono, esta voz interna sempre acalma minha mente apaixonada dizendo o que eu preciso ouvir. Tomo essa outra parte de mim como sendo a racional, que nunca se sobressaía sobre a sentimental e sempre perdia nos embates reflexivos. A aceitação da racionalidade perante o sentimentalismo me fez entender a essência do equilíbrio. Quando se mergem em harmonia, a paz interior surge e se estende conforme a tal sinergia se perpetue.
Consigo ver, finalmente, que minha jornada amorosa foi sofrida por muito tempo pelo desconhecimento desse limiar. Hoje, confesso, não consigo mais praticar o desapego. Me apaixono tão rápido quanto posso, não voluntariamente e sem nenhuma explicação. Consigo ver a beleza essencial em algumas pessoas, por menos tempo que as conheça, e sempre espero a reciprocidade. Às vezes penso que me afobo demais e tento não ser tão imediatista e egoísta. Esqueço sempre que lido com pessoas constantemente, e em minha cabeça cobro delas algo que nem eu mesmo faria na mesma situação. Prezo pela liberdade e o gatilho do meu instinto impulsivo é me apaixonar. A busca pelo equilíbrio é o freio do egoísmo, impulsividade, imediatismo, ciúmes, possessividade.
Apaixonar-se não é prender, mas libertar.
Pensar nela todo dia não é prender-me em hipóteses e remorsos ou conjecturas. Me faz refletir que conheci mais uma pessoa maravilhosa, e que independentemente do que o futuro nos resguardar, essa experiência terá sido boa para sempre.
No fim de tudo, se nada me restar dessa lembrança, posso dizer com sinceridade: seus pensamentos sempre foram uma boa leitura.
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