segunda-feira, 2 de março de 2015

Achei

Aquela que procurei por tanto tempo e encontrei, mas não falo de ninguém em carne e osso. Apenas um personagem que não habitava minha sensitividade há algum tempo. A paz.

Ser útil a um amigo. Fumar um cigarro, beber e rir. Tomar um café e comer pão com manteiga. Realizar seus objetivos. Conversar com seu pai. Ouvir boa música, mas não todos os dias.

Poucas coisas me trariam a paz há algumas semanas, se me perguntassem. Se não me perguntassem, eu me sentiria melhor de qualquer forma a esta altura do campeonato.

Mas há sempre alguém que pergunta. Há sempre alguém tentando me conquistar, provar meu valor e mostrá-lo pra mim mesmo. E nunca foram aquelas pessoas nas quais tirei minha própria paz. Elas nunca se interessaram por isto.

A única pessoa que se importava está longe. (Eu acho que) Está sozinha. Gostaria que fosse diferente. Mas simplesmente não foi. Não me faria bem mentir pra ela e fingir que tudo estava bem. Um anjo como aquele tem um futuro brilhante pela frente, com um homem realmente capaz e que valorizasse isto da forma que eu falhei em valorizar. Por mais que ela se recusasse a acreditar, eu não conseguiria ferir mais e mais aquele coração tão puro e bondoso. E assim, ferir o meu também. Nossa estrada foi longa, não tenho certeza se poderá ser de novo algum outro dia. Eu adoraria, mas as coisas não funcionam desta maneira simples. Posso me culpar a vida inteira por ter deixado este anjo ir embora, mas nunca mais iria me curar. Eu nunca fui o suficiente, ela merecia coisa melhor, e eu constantemente vibro para que ela tenha conseguido.

Sinto-me realmente em paz. Não me arrependo de nada. Os erros que cometi em 2014 abriram meus olhos. Se eu estivesse com uma das duas pessoas que quis estar junto naquele ano, hoje me encontraria totalmente arrependido. Basicamente, não daria certo de jeito nenhum. Máscaras caem rapidamente. Vi quem são, como se comportam, o que dizem, como agem...

Com, e sem o véu da ilusão. E tudo sem o véu da ilusão fica mais claro. São apenas pessoas normais na qual hoje não vejo uma ponta de interesse. Não me preocupo mais. É. Talvez eu me arrependa de ter dado tanta importância, de ter falado coisas bonitas. De escrever tudo aquilo. Mas estas palavras continuarão ali, publicadas. Para que eu nunca olhe para trás e me esqueça do que passei, e que posso fazer diferente desta vez. E se não desta vez, na próxima. A cada lamento, um aprendizado. É só por isto que este blog existe: me fazer enxergar o que não se deve repetir. Fica difícil acreditar quando se cai na mesma bobagem duas vezes ao ano, pela enésima vez na vida. Mas não me vejo em tal encruzilhada de novo, e para ser sincero, cansei disso. Posso escrever o que sinto quando quiser. Nunca me fez nenhum mal. Talvez eu precisasse escrever um livro. Sei de algumas boas pessoas que o leriam de boa fé.

Talvez sobre a ironia de odiar romances e ser romântico à minha maneira, ou sobre como os olhos daquela futura moça qualquer que não se importa comigo são lindos. Ou como o sorriso dela me deixa da mesma forma que já escrevi tantas vezes aqui. E, com certeza, que não irei cair na mesma bobagem de novo. Tudo bem, eu já lidei com o fato de não cumprir minhas próprias promessas! Talvez eu só saiba escrever sobre isto. Pois qualquer coisa que queira escrever vira bobagens do tipo.

Aprecio meus textos. Talvez uma das únicas coisas que eu aprecie em mim mesmo quando estou nestas fases de fracassado sem causa. Mas não consigo deixar de apreciá-los também nos momentos de alegria. Fico me perguntando quem lê isto. Se alguém se identifica. Eu sempre esperei pelo comentário: "Eu te entendo". E apesar dele existir abstratamente em alguém, nunca foi concretizado. É o tipo de coisa que não precisa se realizar. Sei que dentro de cada um que já fez piada com meus textos residem sentimentos equivalentes ou mais profundos. Me sinto corajoso por não guardar tais coisas, como eles precisam fazer. Me sinto melhor por me realizar ao escrever isto, do que ao confessar a alguém e esperar que digam que se importam. Sabe o porquê? Porque a única pessoa que pode me ajudar é a mesma que escreve tudo isto. Nunca será o amigo que ouve. Ele não está na sua pele, ele não sabe o que você quer. Ele pode te ajudar, te consolar, abrir seus olhos, mas nada disso é realmente eficaz sem uma auto-reflexão. E as minhas melhores críticas estão por escrito, endereçadas a mim mesmo. São elas que me fazem olhar meu interior sob uma perspectiva exterior. Elas possibilitam que eu me ajude e encontre forças para superar qualquer obstáculo que exista. Por mais fútil que seja (e olha que é difícil escolher qual é o assunto mais fútil deste blog).

Eu só preciso das pequenas coisas. Eu nunca precisei de uma mulher, de uma paixão. Era, e é, apenas um objetivo pessoal. Algo para não me sentir sozinho.

Eu nunca estive ao meu lado. Sempre apreciei a solidão, até provar o doce sabor da companhia e do verdadeiro amor. Voltei para a solidão saudável, e agora vislumbro o melhor. Estou correndo ao meu próprio lado, sentindo-me capaz. Não me sentindo inferior a qualquer idiota que possa parecer alguma coisa relevante na vida de alguém que desejei infantilmente. Nunca passou de puro desejo infantil. Eu apenas o confundi com a frustração pessoal.

Hoje, ouvir um novo álbum de The Lowest Pair me faz melhor que olhar para fotos. Do que conversar sobre isso ou receber notícias. Tomar um café amargo ao som da voz de Kendl Winter e do banjo de Palmer T. Lee me faz mais confiante do que um simples jogo de conquista fútil e egoísta. O amor aconteceu na minha vida tão subitamente quanto foi embora. Mas ele irá voltar, eu não preciso ir atrás disso agora. Me sinto bem sem ele, pela primeira vez em muito tempo. E eu não trocaria esta sensação por nenhuma outra ilusão que sequer um dia alimentei.

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