terça-feira, 31 de março de 2015

Não posso ficar

Quero sair, voltar pra casa. Por um mês que seja, estou com saudades dos meus pais. Quero ouvir meu blues, meu reggae, minha bossa. Em paz, na praia, moscar o dia inteiro na cama após comer o bacalhau divinamente bem preparado do seu Luiz. Depois sair com os brothers pra fazer uma jam session humilde, beber cerveja e cantar até o dia raiar.

Tudo isto, querendo estar aqui onde estou agora, com aquela doce moça que me procura sempre. A mesma que acha que eu a trato como opção, mas que não sabe que está no topo das prioridades. Acho que estou sendo eu mesmo ao retribuir pra ela o carinho que ela conquistou de mim. Aquele tipo de carinho que te tira de qualquer poço existencial e te faz ser vivo novamente, te faz querer acreditar que o amor pode valer a pena com pessoas que enxergam um pouco além de uma mera visão política egocêntrica.

Falo isto pois eu mesmo sou falho neste aspecto. Conversei com um grande amigo meu sobre, e ele tem razão. Eu sou irredutível, e isso faz qualquer um se afastar e me achar um babaca. O que me impressiona é não ter acontecido mais uma vez. Por que? Será que é uma grande conspiração de uma inteligência superior pra me mostrar o quanto eu sou prepotente? Ou apenas eu mesmo me descobrindo mais imperfeito ao longo do tempo? Qualquer um dos tapas na cara, seja o arquitetado inconscientemente por mim ou então o planejado conscientemente por alguma divindade, é um belo tapa na cara. Mais um grande despertar jogado à mercê das minhas escolhas egocêntricas.

Muitos me fizeram repensar. Um novo amigo que mora comigo agora e faz pós em filosofia me ajudou de uma maneira que talvez nem ele possa imaginar. Obrigado, cara.

Obrigado à pessoa que me procura de tempos em tempos apenas para saber como estou, de me desejar uma boa noite de sono e que eu me cuide. Não há como descrever o arrependimento de descrença nas pessoas, assim como não me é possível escrever tudo o que sinto realmente aqui. O confidencial também possui sua sessão confidencial.

Me espanta perder o contato e a empatia com tantas pessoas nesta cidade. Pessoas que me conheceram e não me olham na cara direito. Outras que eu conheci melhor e não faço questão nenhuma de sua presença. E não falo de desencantos e amores, apenas no campo da amizade. Umas forçam situações para me fazer acreditar que está tudo bem entre nós. Outras deixam o tempo resolver. Sendo como for, as outras ainda me nutrem mais interesse do que as umas, nem que me sirvam de observação comportamental. Na maioria dos casos, é só pra isso que passaram na minha vida, para me ensinar a viver em sociedade de uma melhor maneira, mais pragmaticamente do que este que vos fala havia concebido tão irrisoriamente.

Uma meta cumprida pra 2015? Não deixar paixões passadas completarem tanto tempo. Expurgá-las ao máximo, não revivê-las da maneira burra que eu fazia há um mês. Não mais procurar o que elas estão dizendo, como estão se sentindo. São irrelevantes pra mim tanto quanto eu sou pra elas. A balança não se desequilibra e todo mundo sai feliz à sua maneira. Não que eu não deseje sua felicidade: muito pelo contrário! Adoraria receber notícias de que fulano está em um bom emprego e siclana arrumou um namorado hipster e é feliz. Não os odeio, apenas parei de gastar meu carinho no vazio. De pregar na areia, esmurrar ponta de faca, querer mudar o outro.

Quem me quer bem demonstra à sua maneira, e palavras já não me seduzem.

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