segunda-feira, 6 de julho de 2015

Uma questão de prioridades

Não importa o que eu faça, o que eu pense, o que eu diga. Esse vazio está dentro de mim desde que me vi sozinho, longe de casa. Essa sensação de que algo ou alguém me falta, e que esse alguém não existe. Não importa se eu tenho alguém pra sair. Não importa se eu vou pra alguma festa. Não importa quem está lá, quem eu veria ou deixaria de ver. Não me passa nada na cabeça.

Não me são indiferentes todas aquelas pessoas indiferentes a mim, como eu gostaria que fosse. Esconder essa sensação é quase impossível. Não importa se eu durmo com alguém. Não importa se esse alguém vê algo em mim de verdade. Não importa. Eu já tenho alguém que se importa comigo, e sou eu mesmo. O que realmente importa é a prioridade que dou/dei para essas pessoas ou situações na minha vida. Não sou sozinho, não sou solitário. Não quero salvar o mundo dele mesmo, nem as pessoas de seus próprios demônios, inseguranças, inverdades, infantilidades. Eu também tenho as minhas. Já sou presunçoso o suficiente, tenho que cuidar de mim antes de tudo. Mas eu insisto em me deixar de lado e perseguir algo que eu nem ao menos sei o que é. Já vão fazer dois anos nesta nova vida, e essa sensação me permeia quase que constantemente. Me tornei mais forte para os novos problemas, mas percebi uma fraqueza para os antigos. Uma que eu posso definir como saudades.

Tenho saudades, confesso, daquele anjo que precisava voar para longe e seguir sua vida longe de mim. Dos dias em que eu não me preocupava com nada nem ninguém.

Hoje, deito na minha cama e penso sobre tudo. Tudo vai tão rápido diante dos meus olhos, a turbulência atinge meu cérebro, o vazio toma conta de mim. Depois, o silêncio do sono.

Ao acordar, procurar coisas que te façam sentir querido e desejado. Saciar um desejo, preencher uma lacuna. Bebida, cigarro, jogos, sexo. E nada disso me faz sereno como antes.

Ainda não acho que tenha sido um erro da minha parte, pois se não o fizesse seria egoísta. São tantos laços indiretos com todas essas pessoas que me tiram o sono por algum motivo, que eu desejaria deixar todas pra trás e sumir do mapa. Refazer meu círculo social por inteiro, em algum outro lugar que não me tire o sono ainda. O que me importa o que estão fazendo? Eu deveria parar de me preocupar.

Não há dor de cotovelo, não há ciúmes. Só a preocupação.

Não existe dúvida tampouco gravidade. Só meu vazio.

Não existem atitudes de homem quanto a isso, apenas atitudes de moleque.

Me pergunto onde errei. Por que ainda me sinto rejeitado por tudo e todos, não importa o que aconteça? Por que não consigo preencher meu vazio com nada nem ninguém?

E continuo a procurar nestas pessoas algo que me complete. Sempre em vão. Elas nem existem no meu cotidiano, são apenas fantasmas que visito periodicamente. É engraçado, pois muitas realmente me são indiferentes durante o dia, mas voltam a me assombrar por alguns minutos antes do sono. Peço ao Grande Arquiteto para que as guiem e iluminem sempre. Aproveito para pedir que varra-as da minha cabeça e traga novas experiências afetivas.

E ele sempre atende à sua maneira, mas mesmo assim, as cartas continuam marcadas. Não sei se possuo realmente um elo espiritual com qualquer uma dessas meninas. O que sei é que o seu bem-estar me é questionado toda noite. E dia após dia acordo vazio, descrente deste mundo. Procurando em minhas músicas algo que me preencha. Compartilhando-as para passar uma mensagem, para acalentar algum destes corações vazios que possam se conectar comigo pelo menos uma vez no meu dia. Sei que falho quase todos os dias, pois ninguém realmente se importa. Eu sou o que abomino: um tolo que tem tudo o que precisa e continua se sentindo vazio.

Um idiota que tenta tirar aprendizados de lições mas não consegue conter sua própria ansiedade. Um cara que é confiante de si mesmo de dia, mas que faz a mesma se esvair à noite quando faz suas preces para que sejam protegidas e sigam no caminho da felicidade.

Já admiti meus erros, já os perdoei. Já cicatrizei as feridas que teimam em reabrir quando preciso de tranquilidade. Já coloquei à prova meu apego ao não sentir nada quando reencontrei estas pessoas que me importo e que nunca tiveram noção do quanto me importo. Mas todo este progresso é jogado no lixo como se fosse nada, por um simples vazio que não consigo decifrar.

Eu preciso de ajuda, eu preciso de alguém que me preencha. Eu preciso amar alguém, chorar se esse alguém não dá a mínima pra mim, fazer feliz o alguém que me ama também. Ser mais do que um cara que afoga suas incertezas numa página virtual.

Um amigo meu me disse: não vale a pena ficar assim por tal pessoa.

Outro amigo me disse: eu faria tudo diferente.

Eu, meu melhor amigo, digo: este blog tem que morrer, cair no esquecimento. Talvez, apenas quando eu tirar todas as lições que preciso sobre as mulheres e aprender a ser um homem de verdade. Quando colocar minha cabeça no travesseiro, fechar os olhos, e observar a escuridão infinda até que minha consciência cesse por completo e descanse para o amanhã de novas provas e espiações.

Eu preciso aceitar minha condição, deixar estas pessoas pra trás.

Fazer uma única prece, saber que ela servirá para todos os dias e nunca mais me preocupar com nada.

Apagar todas estas pessoas da minha vida. Esquecer que já passaram por ela um dia.

É a única forma.

O vazio se preenche com o esquecimento.

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